quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Festival Pernambuco Nação Cultural - Agreste Central - Oficina Patrimônio e Preservação II - Gravatá

A gestão do patrimônio cultural ainda é um desafio percebido por muitos municípios do Estado de Pernambuco. A ausência de legislações e organismos específicos responsáveis pelo processo de preservação e registro do patrimônio dificulta a proteção e salvaguarda dos bens culturais nessas localidades, elencados como de importância para a história e memória das coletividades de diferentes comunidades. Somado a isso, há um não envolvimento das populações nesta perspectiva de apropriação e mesmo conhecimento desses bens, por vezes eleitos a partir de decisões verticalizadas, atribuídas a interesses de uma minoria influente.



Partindo dessa problemática, a equipe de Educação Patrimonial da Fundarpe construiu a Oficina Patrimônio e Preservação (Módulos I e II), no intuito de propiciar diálogos com a comunidade (gestores, professores, produtores culturais e demais interessados) a respeito da preservação do patrimônio, apresentando quadros teóricos-metodológicos que auxiliassem essa gestão e apropriação do patrimônio cultural municipal, não dependendo apenas do poder público, mas do exercício de cidadania promovido pelas instituições educacionais, ONG's e associações culturais, e mesmo a produção independente.



Esse quadro de oficinas fora inserido no calendário de 2011 durante os Festivais do Pernambuco Nação Cultural, nas diferentes Regiões de Desenvolvimento. O município de Gravatá foi contemplado no mês de agosto (31), do referido ano com a participação de gestores do município e outras cidades do Agreste Central (Alagoinha, Pesqueira, Ibirajuba, Brejo da Madre de Deus), além de professores e gestores de equipamentos culturais.



Legislações de tombamento e registro, além de editais como o do Funcultura (linhas de patrimônio) e Patrimônio Vivo foram apresentados como instrumentos mais eficazes para propostas de preservação e salvaguarda, o que possibilitou discussões a respeito da criação de legislações municipais de patrimônio e de uma atuação maior de produtores culturais do interior, já que a maior parte dos projetos aprovados pelo Funcultura independente são produzidos e destinados à Região Metropolitana do Recife.



A ideia parte do princípio de promover verdadeiros multiplicadores da preservação do patrimônio em todo o Estado de Pernambuco, permitindo que esses agentes, situados ou não na gestão pública, conheçam e se apropriem dos diferentes instrumentos teóricos-metodológicos existentes, possibilitando uma postura crítica diante desses elementos, e mesmo a geração de outros novos, revestidos dos diversos contextos municipais e/ou regionais.  

Festival Pernambuco Nação Cultural - Agreste Setentrional - Oficina Patrimônio e Preservação - Taquaritinga do Norte

Durante a programação descentralizada do Festival Pernambuco Nação Cultural - Agreste Setentrional, em agosto de 2011, o município de Taquaritinga do Norte recebeu a oficina Patrimônio e Preservação, idealizada pela equipe de Educação Patrimonial da Fundarpe.

Juntamente com uma grade de oficinas de outras linguagens, a ação foi realizada na Escola de Referência Severino Cordeiro de Arruda. O objetivo era dialogar com gestores municipais e produtores de cultura, turismo, educação e áreas afins, a respeito das discussões atuais sobre patrimônio cultural e os desafios no seu processo de preservação e apropriação das comunidades.




Considerada cidade-pólo do festival, a charmosa Taquaritinga do Norte oferece uma oferta turística rica em atrativos naturais, além da própria paisagem urbana com suas construções seculares; com destaque para o distrito de Gravatá do Ibiapina que se configura numa disposição espacial urbana que remete às vilas coloniais de povoamento no interior de fins do século XIX e primeiras décadas do século XX.

"A região do Agreste Setentrional compreende 19 municípios, conhecida por suas belezas naturais, apresentando formações rochosas típicas do agreste pernambucano, assim como sítios arqueológicos, casarios, igrejas e antigas capelas, suas feiras livres, seus pólos de confecções, os grupos de caboclinho, bandas de pífano, sociedades musicais centenárias, pastoril, ciranda, coco, cantadores e repentistas, o artesanato em couro, argila e cipó, o bordado, a produção de queijo, as receitas de cocadas, comidas derivadas do milho e a gastronomia do bode."

Diante dessa multiplicidade de elementos e práticas, a gestão e preservação do patrimônio é imprescindível para fortalecer o sentimento de pertença desses bens pela população da região, através da fruição e difusão de seus constituintes.

Apesar da presença apenas de gestores do município de Taquaritinga, numa ausência muito sentida de representantes dos outros municípios do Agreste Setentrional, a oficina conseguiu atingir sua proposta de envolver a gestão pública dentro das temáticas de natureza do patrimônio cultural, tão caros a essa região de desenvolvimento.