terça-feira, 19 de junho de 2012

Educação Patrimonial e o patrimônio franciscano - Ipojuca - Primeira Parte

Porto de Galinhas é a chamada praia pernambucana das mais conhecidas em todo o Brasil. Suas piscinas naturais em cenários de encher os olhos de turistas aficcionados pela prática do sol e mar, atrelado a toda uma infra-estrutura montada para o bem receber, atrai anualmente milhares de visitantes.

O que muitos não sabem é que a Vila de Porto de Galinhas inscreve-se no município de Ipojuca, cuja cidade não está inserida nos roteiros mais badalados das agências de viagens. 



Povoação que se constituiu a partir da expansão da cana-de-açúcar para o sul do Recife desde o século XVI, sua posição privilegiada escolhida em acrópole distante da costa por razões militares, permitiu seu desenvolvimento através das atividades agrícolas e portuárias, que gerariam o núcleo de São Miguel de Ipojuca. É no coração desse povoamento que foi erigido o Convento Franciscano de Santo Antônio no ano de 1606.



Tombado pelo Instituto Histórico e Artístico de Pernambuco (Iphan) em 1937, o Convento de Santo Antônio, assume ares de monumento histórico, onde de suas memórias perpassam histórias de sua construção, das invasões holandesas, de um incêndio ocorrido no ano de 1935 e de tantas celebrações de sacramentos envolvendo a população, assumindo seu papel no processo de cristianização inserido no meio da malha urbana, como bem prezava a preferência de sítios dessa natureza para as construções franciscanas. 


A relação dos moradores com a instituição é constante, por meio das missas e celebrações outras, mas a administração da província franciscana no Estado percebia que esses laços deveriam ser melhores amarrados, a partir de diálogos e atividades que estimulassem os processos de apropriação e preservação de seu patrimônio. 


Para esse propósito, foi firmada uma parceria com a Fundarpe para a realização de uma semana de palestras e oficinas, intitulando-se "A presença franciscana na Mata Sul de Pernambuco" que visava debater temas atuais sobre a nova realidade da Mata Sul, dos franciscanos, bem como de Ipojuca diante da construção do porto de Suape.


 Compondo o quadro dessa semana foi pensada uma oficina com o título " Temos uma história que precisamos continuar escrevendo", realizada pela equipe de Educação Patrimonial da Fundarpe nos dias 3 e 4 de novembro de 2011, construída com o intuito de debater sobre o patrimônio franciscano juntamente com a população de seu entorno.


 A ação foi direcionada a 3 escolas públicas e 1 instituição particular no município, envolvendo uma média de 40 alunos por oficina em turmas do Ensino Fundamental II e Médio. Cada oficina aconteceu em um turno dos dois dias, contemplando em cada um as respectivas escolas. 


 A proposta era trazer à tona a temática de Patrimônio Cultural apoiada por diferentes conceitos e ideias que perpassam o seu tecido, a ver: Cultura, Identidade, Memória, História. Esse debate, enriquecido por linguagens envolvendo música, literatura, cinema e leitura de imagens, ia desenrolando-se a partir da construção de um quebra-cabeça referente ao Convento Franciscano, numa participação ativa e direta dos alunos. 

Ao final, com a imagem constituída, o público poderia perceber o papel de cada sujeito na preservação desse patrimônio posto em questão, erguido em pedra e cal, mas também revestido de histórias, memórias, vivências e experiências de ordem coletiva e individuais, constituindo-se na liga de todos os seus elementos. 

 

Ações dessa ordem revelam a importância da Educação Patrimonial na construção de novos discursos e percepções de mundo e desconstrução do já estabelecido, a exemplo dos clichês turísticos reproduzidos em larga escala em balneários do naipe de Ipojuca (Porto de Galinhas) que negligenciam muitos elementos de caráter patrimonial.

 

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